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HOMENAGEM DA SMS/REDE OTICS RIO AO DR. ADIB JATENE

        Quando ministro da Saúde, em 1996, consegui implantar o Programa de Saúde da Família em São Paulo. Sempre defendi que esse programa, que vinha sendo implantado em municípios do interior do Nordeste e do Norte, deveria atingir as áreas metropolitanas onde a industrialização tardia, e a conseqüente urbanização, a partir das administrações de Getúlio e Juscelino, fez com que grandes massas de população se concentrassem nas grandes cidades, em áreas onde os profissionais de que elas necessitam não aceitam morar.


       0 primeiro módulo implantado em Itaquera, em parceria do governo do Estado e do Ministério da Saúde com as irmãs do Hospital Sta. Marcelina, mostrou o acerto da formulação.

        Depois que saí do Ministério, usando a Fundação Zerbini, do InCor, conseguimos implantar 19 equipes na região de Vila Nova Cachoeirinha e 33 equipes em Sapopemba, agregando odontologia e saúde mental em todas as unidades, e duas equipes de 12 especialistas, uma em cada um dos dois bairros, além de Casa de Parto em Sapopemba.

        Nos anos seguintes, essa estratégia foi ampliada, chegando hoje a mais de 2.200 equipes, cobrindo perto de 60% da população alvo, e em todas as áreas onde o programa se implantou com grande receptividade.

        Por isso, quando visitei, há anos, um módulo mantido por Ezio Cordeiro, na Faculdade de Medicina da Universidade Estácio de Sá, me dei conta de que na cidade do Rio menos de 3% da população se beneficiavam do programa Saúde da Família. Essa sensação de falta de sensibilidade sempre me incomodou.

        No último 18 de outubro estive no Rio para assistir à Conferência Internacional sobre Determinantes Sociais de Saúde, proposta da OMS que o Brasil acolheu com entusiasmo no governo Lula, criando uma das primeiras comissões nacionais e gerando alentada publicação sobre o assunto, coordenada por Alberto Pelegrini, da Fiocruz.

        Nesse dia, em contato com o secretário Hans Dohmann, tomei conhecimento de que ele iria inaugurar, no dia seguinte, no Catumbi, a 44ª Clínica de Saúde da Família, de um total de 70, que pretendem implantar até o final da atual administração. Mostrei interesse em visitar a unidade.

        Devo confessar minha surpresa ao encontrar belíssima obra acoplada a uma magnífica creche. A distribuição dos cômodos e a programação visual, a excelência da construção e todos os recursos ali colocados, que fiz questão de visitar, deixaram-me emocionado.

        Faz bem à alma ver que, em nosso país, as pessoas começam a receber das autoridades o respeito e a consideração que merecem. Vi-me diante da incorporação de todos os conceitos que, ao longo do tempo, foram implantados no PSF, conseqüência do amadurecimento do programa.

        Além das instalações clássicas de nossas unidades básicas, visitei uma sala de raios X, outra de ultrassom, permitindo acompanhar as gestantes.

        Outra sala tinha três equipes completas de odontologia. O que mais me agradou foi assistir aos agentes comunitários, já selecionados, recebendo instrução sobre como devem atuar na comunidade desde o cadastramento da população, à busca de doenças preexistentes como hipertensão, diabetes e tuberculose. Também devem identificar as gestantes, verificar as consultas de pré-natal, controlar a carteira de vacinação de todas as crianças, identificar fatores de risco, o que se consolida com a visita mensal a cada uma das casas de seu núcleo de 200 famílias.

        Saí dessa visita com a esperança renovada. Quando o Rio de Janeiro se envolve com esta seriedade, cobrindo uma lacuna em que, ao contrário de esperar que as pessoas busquem hospitais superlotados, ir ao encontro dessas populações, com instalações que exprimam o respeito que o administrador público deve ter pelas pessoas, não há como não se emocionar.

         Costumo dizer que o Programa Saúde da Família não existe para beneficiar politicamente os administradores, mas, certamente, engrandecerá aqueles que, com sua adesão ao programa, proclamam o respeito e a consideração que têm com as pessoas que sofrem e se regozijam com os novos tempos, que lhes são oferecidos. Saí não só com a esperança renovada, mas com a certeza de que Heloísa Machado e Fátima de Souza, que me conquistaram quando ministro para o Programa, vão sentir-se recompensadas de todas as agruras para chegar até aqui.

ADIB JATENE é médico e foi ministro da Saúde.
Fonte: Jornal O Globo , 10 de novembro de 2011


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