Rio - As mãos conduzem o minucioso trabalho que os olhos não veem. Cega, dona Maria Inez Barbosa Kornaesnski, 80 anos, modela a lycra que vai se transformar em pequenas flores e compor colares. O ócio cedeu lugar a atividades artesanais, o que provou que o remédio para depressão pode ser, muitas vezes, exercitar a mente. Ela é uma das alunas do projeto que une saúde e profissionalização nas Clínicas da Família do Município do Rio. De paciente passou a ex, e descobriu que lugar de tratamento médico também pode gerar renda.
Maria do Carmo Ferreira, 62 anos, faz costura e dança no grupo da Terceira Idade da Clínica de Saúde da Família na Gardênia, em Jacarepaguá
“O paciente, que vinha aqui só para receber remédio, descobriu que pode curar algumas das suas doenças apenas tornando sua vida mais sociável. É impressionante como algumas pessoas mudam apenas por fazer parte de uma turma que se encontra para bordar”, conta Sueli Gonçalves, terapeuta ocupacional que atua em oito Clínicas da Família.
Um dos ‘atrativos’ das unidades de saúde é a academia. Dados recentes mostram que 97% dos alunos tiveram redução das crises de hipertensão, 91% da glicemia, e 95% perderam peso. Com o hábito saudável, 8,6% deixaram de tomar medicamentos, e 89% diminuíram a dosagem “A gente percebe que eles transformaram a clínica num ponto de encontro. Tem paciente que vivia sozinho e acabou criando laços de amizade por aqui”, conta a educadora física Agata Reis.
Maria Inez, 80 anos, é cega e faz artesanato na Clínica da Família
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